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Maternidade no Currículo


Preocupadas em reter talentos, empresas tentam facilitar rotina de profissionais que se tornaram mães


Ainda não é o cenário ideal para as mulheres que almejam uma carreira de sucesso e não querem abrir mão do sonho da maternidade, mas muita coisa já mudou desde que elas ingressaram no mercado de trabalho.Preocupadas em reter esses talentos, as empresas oferecem benefícios como auxílio-creche, bônus para enxoval, ambientes para amamentação e horário flexível, entre outros.As exigências e as vantagens, entretanto, costumam ser diferentes dependendo da função que a mãe-trabalhadora exercer.

Na avaliação de Luciane Beretta, vice-presidente de Marketing da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH- RS), há uma divisão entre a mãe operária e a mãe executiva.

– Me parece que existe uma benevolência maior por parte das empresas com as mulheres que exercem atividades operacionais. Para as que ocupam cargos de gestão, supõe-se que tenham mais condições de manter o conforto do filho, e a pressão em relação ao desempenho também é maior – afirma Luciane.

As que conseguem lidar bem com esse período de transição podem até usar a maternidade como um diferencial no currículo, afirma Gabriela Souza Pezzi, gerente de Recursos Humanos da Unimed Porto Alegre.

– A mulher, após a maternidade, ganha diferenciais de maturidade, de segurança, de flexibilidade e de capacidade de planejar. Ao exercer o papel de mãe, ela ganha um “plus” em matéria de competência – declara Gabriela, ao salientar que o quadro funcional da cooperativa é composto em 75% por mulheres.

Parte dessa maciça prevalência feminina na empresa, Claudia Isabel Henz Meyer, 33 anos, acabou de voltar da licença maternidade e está em fase de adaptação à nova realidade. A analista do núcleo estratégico operacional da unidade utiliza o auxílio-creche para manter a pequena Camila, de seis meses, em uma escolinha próximo do local de trabalho. Dessa forma, consegue amamentá-la a cada duas horas e ainda dar uma atenção especial ao bebê:

– A empresa me concede duas horas por dia para amamentação, e eu fui ajustando os meus horários para conciliar o trabalho aos cuidados com a minha filha. Assim, eu fico mais tranquila para me dividir entre o papel de mãe e de profissional – conta Claudia.

Para a psicóloga Barbara Palmero, diretora da Óctuplos Desenvolvimento Humano, as cobranças sobre as mulheres no trabalho, de forma geral, tendem a ser maiores. Principalmente as exigências que elas mesmas se impõem:

– Queremos ser excelentes em todos os papéis, queremos ser supermães, supermulheres, superprofissionais. A cobrança sobre nós reflete bem a desigualdade que ainda existe entre homens e mulheres. Além do desempenho profissional, somos cobradas pelo desempenho materno, afetivo e familiar. O preço pessoal é muito alto, e a recompensa é muito menor, afinal, em geral o salário de uma mulher é 25% menor do que o salário de outro homem na mesma posição ou em posição equivalente – diz Barbara.

maria.amelia@zerohora.com.br Zero hora 08/05/2011

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Conversa inspiradora


Serviço de coaching está em expansão no Brasil, mas é preciso cuidado na escolha do profissional


Uma das traduções do termo inglês coach é treinador. Por isso, hoje, denominam-se profissionais do coaching aqueles que, a partir de uma metodologia específica, “treinam” os clientes para que atinjam suas metas profissionais e pessoais.

– Os coaches visam ao aumento de resultados positivos. Eles fazem perguntas e aplicam ferramentas junto ao assessorado para que a própria pessoa trace uma estratégia para alcançar objetivos que deseja – explica Adriana Marques, 35 anos, que preside o Coaching Club de Brasília.

Tema de inúmeros livros, o método, que já é bastante difundido nos Estados Unidos, está em franco crescimento no Brasil. Segundo o presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching, Sulivan França, a procura por cursos de capacitação na área cresceu, de 2007 para cá, cerca de 250% ao ano, enquanto a demanda das empresas por esse tipo de assessoria subiu em torno de 180% ao ano.

– Isso mostra que a atividade deixou de ser moda aqui e se tornou uma realidade – avalia França.

Há seis anos, Adriana – na época educadora física e dona de uma academia – foi buscar no Exterior alguma capacitação extra para tocar seus negócios e acabou se deparando com a metodologia.

– No começo, encarei como uma forma de melhorar minhas tarefas no ramo da educação física, mas agora não faço outra coisa da vida – comenta a coach, que se orgulha de já ter ajudado 89 clientes a alcançar as metas pessoais com as quais sonhavam.

Ela conta que uma sessão pode levar de 50 minutos a pouco mais de uma hora e que deve acontecer uma vez por semana, por até quatro meses.

– Não é um encontro, mas um processo – diz.

Quanto ao local dos atendimentos, Adriana explica que a única exigência é que não permita interferências enquanto coach e cliente conversam:

– Pode ser um restaurante mais reservado, um parque ou mesmo uma sala isolada na empresa onde a pessoa trabalha.

Segundo Villela da Matta, presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, qualquer um pode se dedicar à prática, desde que tenha uma formação acadêmica.

– O processo é multidisciplinar. Assim, qualquer pessoa pode atuar como coach, podendo inclusive adotar um nicho específico de atuação. Há médicos, advogados, dentistas, jornalistas, psicólogos, empresários, atores, atletas, entre outros profissionais, que atuam na área ou que aplicam as técnicas apreendidas em suas vidas pessoais e profissionais – explica o especialista.

Zero hora dia: 08/05/2011

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Desafio de se recriar na carreira

Empresas e funcionários elaboram estratégias para se reinventar e investem na criatividade para alcançar objetivo

Encontrar novas formas de conquistar o cliente, desenvolver diferentes produtos ou elaborar projetos que permitam adequar-se às exigências dos consumidores de forma rápida, sustentável e eficiente. Essas são exigências do mercado e, consequentemente, desafio para os profissionais. Entre as estratégias das empresas para buscar inovações está o investimento no potencial criativo de suas equipes. Cada vez mais, os funcionários são desafiados a se recriar nem que para isso tenham de trocar de setor ou até de cidade.

Conforme Fernando Mattos, sócio-diretor da consultoria na área de inovação INDEXtech, cinco pilares (veja quadro abaixo) formam a cultura da inovação empresarial: posicionamento da liderança, estratégia, pessoas, ambiente e método.

– Não adianta ser uma vontade do presidente se as pessoas não se comprometem. Por isso, o fundamental é trabalhar com gente que tenha perfil ousado, com apetite ao risco – resume Mattos. E acrescenta:

– A criatividade nem sempre é uma característica inata do funcionário, mas pode ser desenvolvida. Para isso, busque desafios. Pelo menos uma vez por mês, vá até a banca de revista e compre a segunda revista da terceira coluna. Seja ela qual for. Com certeza, será uma experiência nova, que te mostrará um outro universo.



    Despertar esse diferencial entre os funcionários passou a ser um dos grandes desafios das corporações:
    – Empresas devem construir ações, rituais que promovam possibilidades de criar, de encontrar novas alternativas – afirma Crismeri Delfino Corrêa, vice-presidente de Gestão e Inovação da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH-RS).
    É o caso da Natura, que promove diversas estratégias para aumentar o potencial criativo de seus talentos. Segundo Denise Asnis, gerente do Escritório de Liderança da rede de cosméticos, as novidades surgem de um processo chamado “funil de inovação” – que vai desde a captação de ideias até a concepção de um produto diferenciado.
    Para se atingir esse objetivo, afirma, é preciso dar condições ao colaborador. Com o intuito de oxigenar as áreas e inspirar os seus profissionais, a Natura desenvolveu um projeto chamado de “Minhas Escolhas”, que prioriza o público interno para as vagas e no qual o plano de carreira é determinado pelo próprio funcionário:

– Sendo dono da sua carreira, o profissional é desafiado a se recriar e a inovar. Assim, damos a possibilidade de o colaborador trocar de setor, às vezes até de cidade ou de Estado, para que leve a sua experiência e aprenda em outra função. Como a pessoa vai transitando na horizontal, adquire uma visão mais completa e traz um olhar mais diverso.
    Com esse desafio, o administrador Rafael Nardi, 29 anos, embarca em poucos dias na aventura de atuar na matriz da Natura, em São Paulo, após três anos na empresa.
       – A mudança será importante, porque já tive a oportunidade de conhecer como funciona a dinâmica comercial e agora vou para a área corporativa conhecer o lado estratégico. Assim, terei a oportunidade de desenvolver um perfil mais completo, o que me habilita para outras posições.
Reportagem Zero Hora dia 17/04/2011