terça-feira, 10 de maio de 2011

O gestor como agente de transformação

Nos dias atuais é fator de sobrevivência, para aqueles que se dispõem a atuar como gestores, a necessidade crescente de adaptabilidade frente às constantes mudanças propostas pelas organizações e pelo mercado de trabalho, sendo, portanto, primordial aos líderes, formais ou informais, identificarem em si próprios habilidades para atuarem como agentes transformadores. Neste contexto, compreender o quanto atitudes pró-ativas e positivas podem influenciar no desempenho das competências pessoas técnicas e emocionais, compreender que mudar não é apenas movimentar e que as transformações ocorrem com as pessoas e, por meio delas, são aspectos diferenciais na condução do desenvolvimento do ser humano.

Neste sentido, interligar intenção e ação é fator sine qua non, uma vez que, entre o desejo e a realização, existe a mola mestra da conquista, da capacidade de realizar, o que Abraham Maslow (1970) chamou de motivação, o que de maneira simples significa dizer, o que “motiva para a ação”. Este sentimento capaz de impulsionar e orientar nossos pensamentos e nossas atitudes em relação ao outro, a partir da existência de diferenças psíquicas, biológicas e culturais, cria oportunidades para mudanças criadoras ou a situações conflitantes.

Ao contrário do que muitos pensam, as mudanças das quais estamos tratando aqui não são naturais, mas sim processos de aprendizagem contínua. Dessa maneira podemos considerar que a construção do gestor contemporâneo tem, então, um de seus pilares na veia do aprendizado individual e coletivo, e quanto mais intencional este aprendizado for, maior a perspectiva de se efetivar uma mudança consistente. Outro pilar importante é o método de feedback ou capacidade de dar retorno, que pode ser positivo ou não nas relações interpessoais. Se as pessoas envolvidas no processo forem capazes de analisar etapas da comunicação e quais seus objetivos, fica mais fácil para o gestor implementar ou empreender alguma ação que o auxilie a se tornar um líder mais eficaz, com uma equipe que tenha foco e clareza na realização dos aspectos que envolvem uma interação entre as pessoas.

Uma vez que este artigo pretende tratar o gestor como agente de transformação, faz-se pertinente pensar nos profissionais ocupantes desta função como sendo capazes de encarar os momentos de mudança como oportunidade, e não risco; como oportunidade para superação de obstáculos, e, principalmente, como fonte de valor. Implementar a mudança de atitude como iniciativa para alterar a mentalidade institucional é um dos grandes, se não o maior desafio daqueles que desempenham a função gerencial, pois as organizações não agem, mas as pessoas, sim. Mais do que propor a mudança é preciso fazer parte dela, servir como catalisador para/da mudança e trabalhar junto com sua equipe.

Ter atitude e fazer da ação positiva uma aliada no desenvolvimento profissional é mais do que criar estímulos para a transformação: é ser capaz de rever processos e ter visão de futuro, construindo, a cada dia, alicerces verdadeiramente sustentáveis para a condução da vida pessoal e profissional também saudáveis. Como nos lembra Pessoa (2000), em seu livro Mudança, oportunidade para o crescimento (p. 33), quando nos sentimos impotentes para alterar o curso dos acontecimentos, tendemos a assumir uma postura passiva de incredulidade e termina provocando alterações físicas no nosso corpo, como uma compensação de absoluta inutilidade de nossos esforços e pela completa frustração diante de nossa impotência. As resistências às mudanças, podem surgir com os chamados bloqueios psicológicos, inconformismo diante dos fatos e reações fisiológicas, comumente conhecidas como doenças psicossomáticas. Os bloqueios psicológicos são quase uma alienação frente às novas realidades.

Somos até mesmo capazes de negar o óbvio. Já o inconformismo é reconhecido pelas famosas mensagens: “é perda de tempo...”, “isso não vai funcionar...”, “já vi este filme...”, ou seja, total descrédito diante dos fatos. E, finalmente, a auto-sabotagem, momento em que a negação aos fatos passa a tomar o SEU corpo, com intuito de apenas estancar os sintomas insuportáveis de evitar o inevitável. Minimizar os impactos dessas irregularidades passa pelo processo do autoconhecimento e aprendizagem sobre aquilo que é possível ser compreendido e aprendido sobre nós mesmos. Praticar a confiança, a empatia e o exercício diário da auto-reflexão é um bom começo nesse processo. É necessário estar atento aos obstáculos, assim como às limitações pessoais, afinal não falamos aqui de máquinas repetidoras de padrões de comportamentos perfeitos.

Disponível no site  www.rh.com.br

Por Daniela Pedroso Campos, é psicóloga formada pela Faculdade de Ciências Humanas – FCH/FUMEC, especialista em Gestão Estratégica em RH pelo CEPEAD/UFMG. Atua na área desenvolvimento de pessoas mesclando experiência no ambiente organizacional privado e público. É consultora de recursos humanos e instrutora de programas de treinamento com foco no desenvolvimento de pessoas

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